sábado, 27 abril 2024

Guaíra – Delegado da PF nega ter agredido professor do filho em escola

Docente diz ter ficado sob mira de arma.

Professor diz ter sido agredido, ameaçado e ter recebido voz de prisão de delegado pai de aluno. Caso aconteceu no fim de junho em Guaíra.

Polícia Civil investiga; PF abriu procedimento disciplinar.

O delegado federal Mário Leal Júnior, acusado de ir armado até a escola do filho, de 13 anos, agredir e dar voz de prisão a um professor que discutiu com o adolescente, negou o episódio em um entrevista exclusiva concedida à RPC Cascavel neste sábado (8).

Ele afirma ter imagens que provam que a acusação não se confirma, mas não as cedeu para a imprensa, porque, segundo ele, serão encaminhadas para a Polícia Civil.

“Em nenhum momento eu invoco a condição de funcionário público.

Em nenhum momento eu faço qualquer ofensa verbal, não há nenhum xingamento, não há nenhuma agressão ao professor, diferente do que ele declarou no depoimento dele”, afirma o delegado.

O caso aconteceu no fim de junho, no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, em Guaíra, no oeste do Paraná.

O professor Gabriel Rossi afirma que discutiu com o filho do delegado, e, na saída da escola, foi agredido e ameaçado pelo agente, sob a mira de uma arma.

A Polícia Federal abriu um procedimento disciplinar para investigar a conduta do delegado.

Procurado pela reportagem neste sábado, o professor afirmou que está muito abalado e traumatizado e que não tem mais nada a dizer.

Filho chegou em casa chorando, diz delegado
O delegado alega que no dia do episódio o filho dele chegou em casa chorando depois da aula, dizendo que um professor o havia ofendido.

Em seguida, o delegado afirma que foi até a escola, abordou o professor e o questionou sobre as ofensas.

“O contato físico que eu tive com esse professor foi única e exclusivamente no sentido de contê-lo, porque a todo momento ele demonstrava que ia se evadir do local e eu dizia que iria levá-lo à delegacia para esclarecer aqueles fatos.

Lá na frente da escola ainda eu fiz um contato com a Polícia Civil informando a situação e declarando a minha intenção de apresentar o professor lá, mas não foi possível”, afirma o delegado.

Mário Leal Júnior diz ainda que as marcas no pescoço do docente, registradas em uma foto, não foram feitas naquele momento.

Reforça que o filho nunca teve nenhum desentendimento com o professor e que “nunca teria o desrespeitado”.

‘Puxou a pistola e apontou na minha cara’, relata professor
O professor alega que após a conversa com o aluno seguiu o restante do dia de trabalho e na saída foi surpreendido pelo pai do adolescente.

“Ele começou a gritar que ele era o delegado e que eu estava preso.

Apertou o meu braço e puxou, eu tentei sair e foi quando ele me enforcou, me jogou contra o carro dele e aí ele puxou a pistola e apontou na minha cara”, conta.

Segundo o professor, as agressões só pararam quando o homem disse que chamaria a Polícia Militar e Federal para conduzi-lo preso até a delegacia, o que não ocorreu.

Ele afirma que a cena ocorreu na saída da escola, na frente de pais e alunos.

Mãe de um aluno, Carla Conceição disse ao blog da Andreia Sadi que chegava para buscar a filha quando viu o professor ser agredido.

“O professor já estava sendo empurrado contra o carro, sendo enforcado e, quando percebi isso, eu desci correndo do carro e fui chamar o segurança”, conta.

Ela relata que a cena assustou pais e alunos.

Registros policiais

O delegado afirmou ter registrado Boletim de Ocorrência contra o professor por injúria.

Segundo o documento, o professor teria dito que “soltaria fogos de artifício” com a saída do aluno da escola.

O docente também teria chamado o aluno de “nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico”.

O delegado citou nomes de outros adolescentes que poderiam depor sobre a relação do professor com o aluno.

Rossi admitiu que falou que comemoraria a saída do aluno, mas disse que o adolescente retrucou com uma piada com o fato de o professor ser calvo.

O professor, então, diz que chamou o aluno para uma conversa em particular e nega que tenha ocorrido uma discussão.

O docente também negou ter chamado o filho do delegado de nazista e disse que era alvo frequente de piadas do aluno.

Rossi afirmou que chegou a ir à delegacia no mesmo momento que Leal para fazer um Boletim de Ocorrência, mas que o delegado da unidade havia dito que estavam em greve e que não poderia registrar o caso.

“Eu fiquei muito temeroso porque eu vi ali um abuso de poder”, disse.

Apenas no fim da manhã de terça-feira (4) ele foi chamado para registrar o caso.

Procurada pelo g1, a Polícia Civil do Paraná informou que foram registrados dois Termos Circunstanciados de Infração Penal (TCIP).

Conforme a polícia, o menor representou contra o professor por injúria, e o professor representou contra o delegado por injúria, lesão corporal e ameaça.

Professor está abalado, diz mãe

A mãe do professor afirma que o filho foi afastado do trabalho por recomendação médica após o episódio de violência.

LEIA MAIS: Mãe de professor diz que filho está ‘debilitado emocionalmente’ e ajuda mulher a lutar contra câncer
De acordo com ela, Gabriel é professor há nove anos e há oito dá aulas no colégio.

Ele é casado e a esposa dele, que tem 26 anos, está em tratamento de câncer de mama.

A mãe dele conta que ele é o único trabalhando em casa e quem mantém o tratamento da companheira. Segundo ela, tem sido um momento difícil.

 

 

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Fonte:G1PR

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