Moeda engatou nova alta acentuada nesta terça-feira e fechou no maior patamar em mais de cinco meses.
O dólar engatou nova alta acentuada nesta terça-feira e fechou no maior patamar em mais de cinco meses, acima de 5,45 reais, acompanhando movimento internacional e com investidores ainda repercutindo sinalizações econômicas do recém-iniciado governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
No mercado à vista, o dólar avançou 1,78%, a 5,4535 reais na venda, nível de encerramento mais alto desde 22 de julho do ano passado (5,4976), depois de na véspera já ter saltado 1,52%. A moeda ganhou mais força na última hora do pregão.
No acumulado das últimas três sessões, a moeda norte-americana sobe 3,77%.
Os primeiros dias da gestão Lula trouxeram vários lembretes aos mercados do viés desenvolvimentista e intervencionista do novo presidente, que já fez novas críticas ao teto de gastos, revogou atos que davam andamento à privatização de uma série de estatais e prorrogou medidas de desoneração dos combustíveis, contrariando a vontade expressa por seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Há uma preocupação com sinalizações tanto do presidente Lula quanto de Haddad da possibilidade de um aumento dos gastos públicos sem uma efetiva contrapartida do ponto de vista das despesas ou da elevação de receitas”, disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
“Nesse sentido, a decisão da prorrogação dos subsídios a combustíveis… acabou surpreendendo por sinalizar uma disposição do novo governo de manter custosos subsídios ao consumo num momento em que se poderia aproveitar, ainda que de forma faseada, a recuperação de uma receita importante para o Estado.”
Discurso de Haddad nesta manhã, quando o ministro voltou a defender uma conduta responsável das contas públicas e a coordenação entre as políticas fiscal e monetária, não foi suficiente para reduzir as preocuações do mercado.
“Ainda que Haddad tenha uma mensagem de âncora fiscal, uma mensagem de controle dos gastos públicos, o que nós vemos na realidade são as falas do presidente (Lula)… de que o teto de gastos é uma estupidez”, disse Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance.